“NEM SABEM QUE COISA É ENVERGONHAR-SE” JEREMIAS 6. 15 E 8.12.
1 – Quadro pavoroso da corrupção do povo de Jerusalém. Nos desperta
comiseração a sorte dos que tinham caído na apostasia e falta de vergonha.
2 – Alguns dos males que o profeta descreve: a) 5.1 e 3 – “não há quem
pratique a justiça ou busque a verdade”, “não quiseram receber a disciplina”,
“endureceram os seus rostos mais do que uma rocha” b) 5.4 – “ não sabem o
caminho do Senhor, o direito do seu Deus” c) 5.8 – a falta de fidelidade
conjugal – “como garanhões bem fartos, correm de um lado para o outro,
rinchando à mulher de seu companheiro” d) 5. 23,24 – “de coração rebelde e contumaz”,
não temem o Deus da Providência” e) 6.28, na sua dureza como o ferro e bronze,
espalham calúnia e são corruptores f) 5. 27 – fraudulentos e opressores g) 6.
10 – ouvidos incircuncisos não podem ouvir a Palavra do Senhor, para eles
coisas vergonhosas, não gostam dela, acham uma impertinência h) – como clímax
da maldade, o profeta, nas palavras do texto que vem repetidas, denuncia a
falta de vergonha em praticar toda sorte de abominações.
Não obstante o homem ser desesperadamente mal lhe resta sempre uma
esperança, se ele conservar, apesar de sua fraqueza, o sentimento de vergonha.
A falta de pudor é como que o último elo que fecha a cadeia tirânica da maldade
humana. A vergonha é um sentimento nobre do coração humano. Ter vergonha é
sentir a repulsa do mal, é ter fibra na alma, é ser sensível à maldade. O não
se envergonhar diante de uma ação condenável e desonrosa, ou não saber que
coisa é envergonha-se, constitui o extremo da degradação humana.
3 – Hoje se reproduzem, duma ou doutra forma, esses mesmos males que
devem ser denunciados, tendo como características a falta de pudor ou
inconsciência da vergonha: a0 – a falta
de vergonha é produzida pelo desrespeito à moral e bons costumes, pelo ateísmo
que apaga na alma a consciência da
presença de Deus, tirando-lhe o controle sobre todos os instintos (Romanos
1.28) – b) – a falta de vergonha é vista não só nos que já tem a sua consciência obcecada, seu senso moral
embotado, mas também, em menor grau, nas conversas frívolas e obscenas, nas
piadas picantes, na falta de escrúpulos
na vida comercial, no cinismo revoltante das convenções sociais – c) a
falta de vergonha engendra a rebelião tão bem assinalada pelo profeta. O
liberalismo excessivamente tolerante vai pouco a pouco quebrando todo o freio
da religião, afastando, sobretudo, o jovem da sadia tradição de uma vida
honesta, sóbria e virtuosa, não permitindo que se apele para as veredas antigas
(Jeremias 6.16) ou que se ouçam a pregações impertinentes sobre moral, as vozes
ou sons da trombeta dos fiéis atalaias (Jeremias 6. 17).
4 – Tremenda responsabilidade pesa sobre os ministros e crentes se não
conclamarem contra os erros, vícios, loucuras e toda a forma de corrupção. “ Se
silenciarmos, as próprias pedras clamarão! “
Longe de cada um de nós esse cinismo de não saber que coisa é
envergonha-se.
Não pode haver maior afronta a Deus do que essa insensibilidade!...
Tudo pode estar corrompido e ainda há esperança, mas perder a vergonha é um
indício triste e desesperador.